Startups: pense como camelos – não como unicórnios! O mundo está mudando. Com a COVID-19 e a recessão global, acabamos passando por um longo período de condições desafiadoras no mercado. 

Essas situações, somadas a diversas outras questões econômicas e sociais, nos prepararam para um período turbulento. Sendo assim, fica a questão: como startups e inovadores podem sobreviver nessas condições?

Talvez a resposta esteja longe das startups unicórnios e se aproximando do modelo de startups chamadas de camelo. Entenda os conceitos aqui. 

O que são startups unicórnios e camelos?

1. UNICÓRNIO:

Unicórnio foi um termo cunhado por Aileen Lee, fundadora da Cowboy Ventures. Unicórnios são novos empreendimentos ou empresas da nova economia, geralmente de base tecnológica, que atingem uma avaliação de mercado de mais de US$ 1 bilhão antes de serem cotados na bolsa. 

Uma característica muito importante é compreender que uma startup unicórnio é uma empresa de crescimento exponencial e que acelera rapidamente a partir de rodadas de investimento antes de abrir capital.

Principais características dos unicórnios:

• Alto investimento em inovação e tecnologia;
• Forte presença nas mídias sociais;
• Apostam em estratégias para crescimento rápido e agressivo;
• Apoiam a diversidade de funcionários;
• Se preocupam com a experiência do cliente. 

2. CAMELO: 

Já as startups camelo são aquelas que buscam o crescimento de forma sustentável, focam na sua sobrevivência e conseguem se adaptar a diferentes cenários econômicos. 

Por essa diferente visão, essas startups tendem a resistir melhor a crises econômicas, como é o caso do próprio animal, que consegue ficar longos períodos no deserto sem água. 

Principais características dos camelos:

• São mais estáveis por serem mais cautelosos com investimentos;
• Não financiam os seus produtos;
• Prezam por uma boa gestão financeira do negócio;
• Investem em um planejamento a longo prazo;
• Costumam desenvolver serviços inovadores, mas sólidos. 

Por que esse é um momento de pensar como camelos?

O mundo está passando por períodos instáveis socioeconomicamente. Depois do Covid e outras questões políticas e econômicas, a situação se tornou particularmente desafiadora no Vale do Silício, onde o modelo predominante é criar unicórnios. 

O problema, no entanto, é que manter uma metodologia de crescimento a qualquer custo, nesse momento, só tende a funcionar nos mercados de alta mais fortes e nas condições ideais. Mas essa é uma jogada arriscada. 

Para empresas fora desses cenários, talvez o camelo seja o mascote mais adequado, já que são animais capazes de sobreviver a períodos difíceis. 

De acordo com o Harvard Business Review, os camelos oferecem às empresas lições valiosas sobre como sobreviver à crise e sustentar e crescer em situações adversas, mesmo que a metáfora não seja tão chamativa. 

Os camelos fazem isso usando três importantes estratégias: 

1. Executam um crescimento equilibrado;

2. Adotam uma perspectiva de longo prazo;

3. Incorporam a diversificação no modelo de negócios.

Equilíbrio é a palavra. Antes de interpretar erroneamente os objetivos dos camelos, entenda: eles são tão ambiciosos em busca do crescimento como qualquer outra empresa, mas escolhem seguir um caminho mais equilibrado. 

Para garantir isso, tendem a oferecer preços corretos desde o início, gerenciam estratégias em termos de custo de aquisição e uma despesa chave: as pessoas. Por fim, aprendem como ninguém mudar de trajetória.

Esse último ponto é um dos primordiais para aprender a sobreviver a períodos turbulentos. Isso porque saber lidar com mudanças – e também a gerenciar queimaduras ao longo da vida da empresa – é o que prepara as startups para enfrentar condições difíceis em um tempo prolongado. 

Exemplos de startups camelos:

ZOOM

A plataforma de videoconferência Zoom, apesar de seu rápido crescimento durante a pandemia, é considerada um exemplo de startup camelo. A empresa começou com foco no crescimento sustentável e só buscava capital quando era estritamente necessário. Agora, o Zoom é uma plataforma gigante e que é cotada com valia de mais de US$ 1 bilhão. 

FRONTIER:

A Frontier é mais um exemplo. Seus fundadores entendem que construir uma empresa não é um empreendimento de curto prazo. Eles acreditam que o crescimento e os avanços não precisam acontecer de forma imediata, mas que ocorrem mais tarde na linha do tempo da empresa. 

De acordo com a cultura da empresa, a competição existirá. Mas a corrida é sobre quem sobreviverá por mais tempo, não sobre quem vai ao mercado primeiro.

Velocidade X Precisão:

Diferente dos unicórnios, os camelos são animais reais. Isso diz muito sobre o que estamos falando nesse texto. Essa é uma forma deixar de se apegar na exceção e pensar o crescimento da sua empresa de forma sustentável. 

Dentro do cenário em que nos encontramos, vale a pena questionar o quão interessante pode ser para o seu negócio fazer parte de uma estratégia que busque o crescimento saudável, gerenciando os custos durante a vida útil da empresa de forma prática. 

Além disso, essa forma de pensar aproxima mais a realidade brasileira. De acordo com informações da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), 73,2% das startups no Brasil nunca receberam investimentos. 

Conclusão:

Levando isso em consideração, não é difícil entender por que as Startups Camelo estão se tornando fortes opções no meio das inovações que estão surgindo. Afinal, o momento em que vivemos hoje está focado – ou precisaria estar – em encontrar soluções capazes de reverter os cenários mais difíceis.

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